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ANSIEDADE E STRESS NO VESTIBULAR(entrevista)

Entrevista para o Sistema Uno de Ensino Por Luzia Winandy

Vivemos num mundo em que cada vez mais se fala em competitividade e geração de resultados. Como um jovem prestes a prestar o Enem e vestibulares pode passar ileso e não ser afetado por essa pressão que principalmente o mercado de trabalho imprime? Não tem como fugir ou escapar dessa pressão pré-vestibular. Toda essa situação de preparação para o vestibular gera uma grande expectativa, porque o ingresso na universidade está condicionado a ser aprovado ou não. Sendo assim, a cobrança sempre vai existir, seja interna ou externamente. No entanto, vai depender da forma como o jovem vai encarar essas cobranças. Se ele estudar pensando em ser o melhor de todos ou que esta é a sua única oportunidade de ingressar na universidade, provavelmente isto causará muita ansiedade. Por outro lado, se ele encarar estas cobranças, buscando desenvolver o melhor de si mesmo; pensando no potencial que ele tem dentro de si, provavelmente ele ficará muito mais tranqüilo e aprenderá com muito mais facilidade, o que vai lhe permitir se sentir mais seguro na hora da prova.

Convém salientar que o mundo corporativo está completamente diferente com os avanços tecnológicos e os jovens de hoje acompanham muito bem tudo isso e superam em muito os jovens de outras gerações. O raciocínio, a esperteza, a criatividade e o dinamismo deles estão cada vez mais presentes na evolução desses jovens. Justamente por isso o mercado de trabalho acaba por cobrar muito dessa geração, porque vêem que eles tem um grande potencial. Os jovens precisam tomar consciência de todos esses seus recursos internos; eles precisam de acreditarem neles e não se sentirem tão ameaçados e amedrontados diante dessas cobranças.

  • Quais os principais sintomas de ansiedade e stress que os alunos em fase de pré-vestibular ou Enem mais desenvolvem? Como isso tem afetado os estudos e o desempenho dos alunos? O que fazer para, pelo menos, diminuir a intensidade ou a freqüência desses sintomas?

A pior solução diante de tanta pressão seria estudar excessivamente e o aluno esquecer que tem vida fora estudo. Passar dia e noite e final de semana em cima dos livros. O cérebro não resiste a tanta informação e entra em curto circuito. E o prejuízo acaba sendo muito maior. Podendo levar o aluno a sentir alto nível de ansiedade que pode se manifestar das mais variadas formas, de acordo com cada pessoa : falta de concentração e memória, dor de cabeça, insegurança, incapacidade de relaxar, excesso ou falta de apetite, inquietação, desânimo e fadiga, depressão, medo, falta de confiança, gastrite, fadiga, insônia, dificuldade de respirar, palpitações, desligamento afetivo, entre outros. Estes sintomas aparecem em maior ou menor grau de acordo com cada um. Cada pessoa reage de uma forma diferente e também terão limiares diferentes de esgotamento. Vai depender da sensibilidade afetiva da pessoa, da visão que ela tem da realidade, da valorização do passado ou das perspectivas de futuro. Uma representação pessimista da realidade pode favorecer reações de ansiedade enquanto uma representação positiva pode amenizar estes efeitos. Vai depender também da imagem que a pessoa tem de si própria, incluindo a auto estima e auto confiança.

O melhor caminho é tomar conhecimento da sua ansiedade, buscando o auto conhecimento. Não encarar tudo como urgência; pensar positivo; acreditar em si e no seu potencial; fazer o melhor que puder.

  • É natural ter medo de não passar. Mas até quando o medo é normal e quando ele dá sinais de perda de controle no estudante?

Um pouco de ansiedade todos nós temos. Devemos considerar a importância de existir um determinado nível de ansiedade que vai servir de estimulo para a ação deste estudante se disciplinar e estudar, para que possa atender seu objetivo: conseguir uma vaga no vestibular. Esta ansiedade é extremamente importante para todo o período de preparação ao vestibular. É essa ansiedade que vai ajudar o estudante a se planejar, programar-se e estruturar uma forma de estudar para ser bem sucedido na prova.

Mas em muitos casos, o nível da ansiedade ultrapassa os limites tolerantes pelo organismo da pessoa, provocando um desequilíbrio interno com conseqüentes alterações funcionais. E a ansiedade que num primeiro momento foi tão construtiva passa a agir como um obstáculo para um bom desempenho do aluno. É neste ponto que ele precisa ficar atento, quando seu sistema orgânico e emocional deixou de estar em sintonia e o aluno se sente “enfraquecido” e sem forças para chegar ao seu objetivo final. Certamente é melhor prevenir este alto nível ansiedade. A prevenção deve começar o mais cedo possível: Procurando estudar em um ambiente calmo e tranqüilo; seguir um horário para as principais refeições do dia; fazer uma boa alimentação calmamente e com qualidade; manter um repouso noturno; manter a ordem e limpeza pessoal e do ambiente; ter momentos de lazer; praticar algum esporte; ouvir musica; acreditar em si e no seu potencial.

  • A quantidade de matérias para estudar torna-se um fator de stress para muitos alunos? Como organizar-se para estudar, principalmente agora, em que ele tem de demonstrar muito mais sua capacidade de raciocínio e compreensão na execução da prova ?

Entendemos que o tempo do vestibulando é corrido, a quantidade de matérias é excessiva e o vestibular exige que os candidatos estudem muito todas as disciplinas. Para tanto, é importante ele se organizar no tempo, definindo as prioridades e um bom planejamento, de modo a não ficar restrito apenas a alguns pontos. Esforço e dedicação são fundamentais nesta jornada. As pesquisas apontam que estudar diariamente, freqüentar todas as aulas e não perder os simulados do cursinho são fundamentais para se chegar ao objetivo final.

  • Longas horas sem dormir aumentam os níveis de corticosterona, o considerado hormônio do estresse, no organismo. Como o estímular ao sono, do ponto de vista terapêutico, auxilia no tratamento da ansiedade e do stress?

Nada como uma boa noite de sono para recuperar grande parte do cansaço de um dia estressante. O sono é fundamental para se manter uma harmonia entre a mente e o corpo.

  • Em muitos alunos, um ponto crítico é a baixa autoconfiança ou a insegurança. Como começar a estimular a confiança? Como os pais podem auxiliar nesse processo?

Certamente a confiança em si mesmo e em seu potencial é fundamental tanto para a aprendizagem do conteúdo quanto para a execução da prova. A auto confiança pode estar prejudicada algumas vezes, por crenças e pensamentos distorcidos a respeito do vestibular e de seus próprios recursos de aprendizagem . Uma crença comum é que eles precisam saber “tudo” e isso não é verdadeiro. Principalmente porque não conseguimos absorver tudo em nossa mente; o que conseguimos sim é evocar um conhecimento e associar ao que já aprendeu em assuntos que num primeiro momento não são tão familiares. Mas para isto, o aluno precisa deixar a mente tranqüila e livre de conflitos. Alguns alunos, muitas vezes, não ponderam, por exemplo, que não existe uma única faculdade boa; temos uma variedade de faculdades de qualidade no Brasil; ou não avaliam que o vestibular ocorre todos os anos; se não conseguir entrar em um ano, outras chances e oportunidades existirão. Outras vezes o aluno se sente inseguro por medo de fracassar, associando ao fracasso uma diminuição de seu valor como pessoa. A baixa auto confiança vem muitas vezes em conseqüência de uma reprovação anterior. Se encarar a reprovação do vestibular como algo terrível e sem possibilidade de reparação, talvez o que vai dominar a mente do vestibulando é o tédio, a raiva, o sentimento de incompetência, etc. Porém se ele conseguir encarar estas frustrações, levantando os pontos que o impediram de conseguir a vaga no vestibular, olhando e analisando a melhor forma de se programar para o próximo ano, quais os cuidados que deve tomar que não foram tomados neste ano, o que ele deixou de considerar que foi importante etc, e assim analisar uma melhor programação de estudo para o próximo vestibular, com certeza ele se sairá de forma muito mais amadurecida e confiante para o próximo ano e também para a vida. Não passar no vestibular amadurece muito o aluno. Ele passa a levantar os pontos fortes e fracos que serão importantes para a vida inteira dele. O vestibular é só o inicio dessa competição acirrada na vida profissional. Os pais podem em muito contribuir, eles precisam principalmente acreditar na educação que eles deram para o filho e dar liberdade para ele experimentar o seu próprio jeito de ser, permitindo ao filho fazer suas próprias escolhas, tanto a nível de escolha profissional quanto ao planejamento dos estudos. Evitar fazer cobranças excessivas, criticas, humilhações e desvalorizações de qualquer natureza em relação a ele de modo a deixar o filho se sentir sem recursos na tomada decisões a respeito de sua própria vida. Podem também contribuir facilitando e dando condições ambientais de estudo e lazer para o filho.

  • Na reta final do vestibular, como lidar com aquela culpa de deixar de estudar para relaxar um pouco? Muitos alunos erram na dose e tornam esse rigor excessivo? Como se preparar de forma equilibrada?

É muito importante o aluno avaliar o que é bom para ele, não existe uma regra única; cada um nessa idade deve saber de seu limite de acordo com seu estado emocional no momento. Lembrando que todo excesso é prejudicial.

Algumas dicas são que na semana que antecede ao vestibular é importante o aluno iniciar uma pausa nos estudos e relaxar. Procurar ter uma semana tranqüila, sem baladas, alimentar-se bem e sem excessos, ouvir música, procurar estar em ambientes calmos e ter uma boa convivência familiar e com os amigos. Não encarar tudo como urgência e correr atrás do que ainda não estudou. Querer aprender matérias novas, de nada adiantará. No máximo revisar algumas poucas coisas.

  • Como orientar os pais a controlarem suas próprias ansiedades diante desse processo (não cobrar, não escolher a faculdade no lugar do filho, comparar o desempenho do filho ao de outras pessoas)?

Os pais precisam lembrar que o vestibular é do filho, bem como o futuro que ele escolher, a ele pertence. Muitos pais se confundem com a vida dos filhos. Criam expectativas de futuro para eles com intuito atender suas próprias necessidades que muitas vezes foram frustradas e mal resolvidas. Ou então eles vêm o sucesso do filho como prova de boa educação. Isto não implica que os pais devam ficar alienados desta situação. Pelo contrário, o filho se sente gratificado vendo que os pais estão acompanhando todo seu percurso, torcendo por ele, algumas vezes dando opiniões e sugerindo quando requisitados, desde que não venham em forma de cobranças. Tudo tem uma medida, o importante é deixar claro para o filho usar o máximo de seu potencial no momento da prova e caso não dê certo, existem outras faculdades, outros vestibulares, outros cursos e que esta não é a única oportunidade. Existem outras tantas e de qualidade.

  • No caso do filho não passar no exame, como proceder?

Todos nós sabemos que qualquer recomeço é doloroso, principalmente se tiver acompanhado de sentimento de inferioridade e incompetência. O que é preciso é principalmente ajudar o aluno a focar no seu objetivo. É o objetivo de conquistar algo que nos impulsiona para a ação. Traçar planos, projetos e se programar para o ano, vêm como conseqüência de um objetivo.

  • O que o aluno pode fazer para não entrar em pânico no início da prova? Existem algumas regrinhas que o aluno pode seguir para evitar o “branco”?

O inicio da prova dá sempre aquele “friozinho” inicial. A ansiedade vem com tudo. A tal ponto, muitas vezes, de “dar um branco” e o pensamento subseqüente de que não vai lembrar de nada. Se ele pensar que este “branco” vai perdurar durante toda a prova, com certeza a ansiedade ficará aumentada, bem como o nervosismo e todo o sistema fisiológico alterado, como os batimentos cardíacos e a respiração, e este “branco” se manterá. No entanto se pensar que este “branco” é momentâneo e que desaparecerá em alguns minutos e aguardar esses minutos, focando na própria respiração: inspirando e expirando lentamente; em pouco tempo o equilíbrio cerebral se restabelecerá e as associações em relação ao desenvolvimento da prova serão evocados naturalmente.

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