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Ansiedade Pré-Vestibular (Entrevista)

Por: Luzia Winandy Entrevista para a Revista Atitude

1) Em meio a outras doenças já conhecidas por nós, no seu site há um tópico especial para tratamento de ansiedade pré vestibular. A Senhora tem recebido muita procura relacionada a esta ansiedade específica?

Sem dúvida, está havendo um aumento progressivo na procura de tratamento para ansiedade pré vestibular. Este é um tema que tem sido foco de muita atenção e estudos nos últimos tempos. Atualmente as instituições de ensino estão conscientizando mais os vestibulandos do sucesso do exame estar relacionado não só à habilidade acadêmica mas também ao aspecto emocional . Está havendo mais abertura para que estes traços de ansiedade possam ser trabalhados e encaminhados para acompanhamento, dependendo do caso. Os vestibulandos estão se permitindo buscar uma ajuda psicológica e não ficar tão sozinhos nesta jornada. Normalmente eles contam com o apoio da família para isto e se sentem mais encorajados para um tratamento.

2) A quem ou a que a Senhora atribui as dificuldades e tensões enfrentadas pelos adolescentes nessa fase? Escola? Família?

Penso que é o momento que o jovem está vivendo que é o fator determinante da ansiedade. Não tem como fugir ou escapar dessa pressão de vestibular. Toda essa situação de preparação para o vestibular gera uma grande expectativa, porque o ingresso na universidade está condicionado a ser aprovado ou não. Sendo assim, a cobrança sempre vai existir, seja interna ou externamente. O que vai diferenciar é a forma como o jovem vai encarar essas cobranças. Se ele estudar pensando em ser o melhor de todos ou que esta é a sua única oportunidade de ingressar na universidade, ou ainda que o vestibular seja um fator decisivo na sua vida, provavelmente isto causará muita ansiedade. Por outro lado, se ele usar essa ansiedade de modo benéfico, buscando desenvolver o melhor de si mesmo, pensando em seu potencial, provavelmente ele ficará muito mais tranqüilo e aprenderá com muito mais facilidade, o que vai lhe permitir se sentir mais seguro na hora da prova.

3) Como os pais devem se posicionar nesse período pré teste? Os pais devem apoiar ao máximo o estudo dos filhos. Tranquilizá-los que o vestibular é apenas uma etapa na vida. Evitar fazer cobranças excessivas, críticas, humilhações e desvalorizações de qualquer natureza em relação a ele de modo a deixar o filho se sentir sem recursos na tomada decisões a respeito de sua própria vida. Podem também contribuir facilitando e dando condições ambientais de estudo e lazer para o filho. O filho se sente gratificado vendo que os pais estão acompanhando todo seu percurso, torcendo por ele, algumas vezes dando opiniões e sugerindo quando requisitados, desde que não venham em forma de cobranças. Tudo tem uma medida, o importante é deixar claro para o filho usar o máximo de seu potencial no momento da prova e caso não dê certo, existem outras faculdades, outros vestibulares, outros cursos e que esta não é a única oportunidade. Existem outras tantas e de qualidade.

4) Há alguma maneira de relaxar e aliviar as tensões do vestibulando? Um bom planejamento é fundamental e permite dividir o tempo de modo a não ficar restrito apenas a estudar. Lembrar sempre que a mente precisa de estar tranqüila e relaxada. Entendemos que o tempo do vestibulando é corrido, a quantidade de matérias é excessiva e o vestibular exige que os candidatos estudem muito todas as disciplinas. Para tanto, é importante ele se organizar no tempo, definindo as prioridades e um bom planejamento, de modo a não ficar restrito apenas a alguns pontos. Esforço e dedicação são fundamentais nesta jornada. As pesquisas apontam que estudar diariamente, freqüentar todas as aulas e não perder os simulados do cursinho são fundamentais para se chegar ao objetivo final. Não se esquecendo de incluir neste planejamento, uma rotina, com um horário para as principais refeições, fazendo uma boa alimentação calmamente e com qualidade; manter um repouso noturno; ter momentos de lazer; fazer uma caminhada de preferência ao ar livre e praticar esportes e jogos não competitivos ao menos uma vez na semana; ouvir música; não encarar tudo como urgência; procurar ter uma boa convivência familiar.

5) Quando é necessária a ajuda de um profissional, como o psicólogo? O mais indicado seria procurar por ajuda de psicólogo quando perceber a persistência de algumas manifestações fisiológicas da ansiedade, como por exemplo: uma dificuldade de concentração, incapacidade de relaxar, sensação de desânimo e fadiga, palpitações, insônia, dificuldade de respirar, entre outros. Em muitos casos, o nível da ansiedade ultrapassa os limites tolerantes pelo organismo da pessoa, provocando um desequilíbrio interno com conseqüentes alterações funcionais. É neste ponto que ele precisa ficar atento, quando seu sistema orgânico e emocional deixou de estar em sintonia e o aluno se sente “enfraquecido” e sem forças para chegar ao seu objetivo final. No entanto, o que ocorre, na maioria das vezes, procura-se por um profissional quando já está num ponto crítico, com uma baixa autoconfiança ou uma insegurança de tamanha relevância, que vem em decorrência de um elevado nível de ansiedade e esgotamento. Os sintomas aparecem em maior ou menor grau de acordo com cada um. Cada pessoa reage de uma forma diferente e também terão limiares diferentes de esgotamento.

6) Como a família deve se comportar depois da prova diante de um desempenho ruim? Todos sabemos que a frustração por perda e um recomeço é doloroso mas é importante lembrar que também nos fortalece. Não passar no vestibular amadurece muito o aluno. Se encarar a reprovação do vestibular como algo terrível e sem possibilidade de reparação, talvez o que vai dominar a mente do vestibulando é o tédio, a raiva, o sentimento de incompetência, etc. Porém se ele conseguir encarar estas frustrações, levantando os pontos que o impediram de conseguir a vaga no vestibular, olhando e analisando a melhor forma de se programar para o próximo ano, quais os cuidados que deve tomar que não foram tomados neste ano, o que ele deixou de considerar que foi importante etc., e assim analisar uma melhor programação de estudo para o próximo vestibular, com certeza ele se sairá de forma muito mais amadurecida e confiante para o próximo ano e também para a vida. É importante ajudar o aluno a focar no seu objetivo. Prontificar-se a ajudá-lo a se programar para o próximo ano e tranqüilizá-lo nessa retomada.

Luzia Winandy

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