A Importância da Auto-Estima (entrevista)
Entrevista para o portal www.abiliodiniz.com.br
1. Gostaria que me falasse um pouco sobre o que é a autoestima. E porque ela é tão importante para manter todas as áreas da vida, como trabalho e relacionamentos, funcionando bem. É verdade que ela ajuda em tudo, porque?
Auto estima refere-se à forma como percebemos e valorizamos a nós mesmos. Podemos defini-la como sendo o resultado de uma avaliação que a pessoa faz de si própria, incluindo suas experiências de vida, sentimentos, pensamentos e julgamentos pessoais. Se neste “balanço” ela faz um julgamento positivo de si mesma, com segurança e confiança, podemos dizer que ela tem uma elevada auto-estima; isto contribuirá para que ela transcenda esta visão de confiança e segurança, para o mundo. A forma como percebemos e valorizamos a nós mesmos determina em grande medida a forma como nos comportamos, como lidamos com a nossa vida e como nos conduzimos. Isto é, verá o mundo e as pessoas ao seu redor também mais confiantes, o que vai refletir em relacionamentos interpessoais mais fortes, seguros, onde os conflitos são solucionados com menos ansiedade e menos medos. Pessoas com auto-estima elevada arriscam mais, não tem medo de errar e nem temem o julgamento alheio. Isto conduz a um viver com muito mais liberdade. E quem não gosta de estar ao lado de pessoas assim? Por isto são sempre pessoas de muito sucesso, tanto a nível profissional quanto de relacionamentos interpessoais. Ela vai acreditar mais em suas capacidades e se arriscar mais.
2. Porque em grande parte dos desequilíbrios emocionais, a pessoa perde a auto-estima? Em que situações da vida é mais comum ocorrer essa perda?
Poderíamos dizer que em alguns desequilíbrios emocionais acontecem por ocorrer uma ruptura na auto-estima da pessoa. Pessoas com auto estima elevada, diante de um conflito ou perdas significativos, ela se abala, forma um luto, sofre e retoma a vida pouco a pouco, sem se acusar ou sem acusar o mundo de estar contra ela. Consegue se reerguer e encontrar seu ponto de equilíbrio novamente. Ao contrário das pessoas com baixa auto-estima, diante de tais situações, elas não se restabelecem, não encontram o ponto de equilíbrio tão vital para nosso bem estar emocional, podendo entrar em depressão ou ser abatidas por transtornos emocionais mais importantes.
3. Quais os sintomas e características de uma pessoa que perde a auto-estima? Ela pode entrar em depressão? Como é esse processo?
Pode acontecer que uma perda significativa no universo da pessoa conduza a um desequilíbrio interno, afetando assim o julgamento que ela tem de si próprio. Por exemplo, uma perda amorosa: ela entrar num processo de melancolia e ficar culpada pela perda. Ou então, numa perda de um trabalho, a pessoa deixa de avaliar a situação como um todo e se restringe apenas a se auto acusar de incompetente. Casos assim podem levar a uma auto recriminação e desvalorização, podendo conduzir a uma depressão.
4. E como surge auto-estima? Ela faz parte de um traço de personalidade ou a pessoa pode desenvolvê-la ao longo da vida? Como isso é possível?
Estudos indicam que a formação da auto estima tem sua base na infância. Quando nascemos, nos sentimos os próprios “reizinhos”, com todos os cuidados maternos que recebemos. A formação da auto estima inicia a partir principalmente do olhar da mãe. Uma mãe que olha para seu bebê, refletindo para este o quanto ele é importante; o bebê vai reconhecer este olhar, absorver esta informação e vai pensar: eu sou amado, eu sou querido, eu sou lindo… eu sou importante. Estes dados simbólicos serão registrados em sua mente inconsciente e transformados positivamente a cada nova conquista e a cada frustração no desenrolar de seu desenvolvimento. E desta forma ele vai se tornando uma pessoa segura, compreendendo que mesmo nas frustrações o olhar da mamãe ainda continua a amá-lo. A medida que ele vai crescendo, ao receber de seus pais e pessoas próximas elogios genuínos e reais sobre seus feitos, festejando suas vitórias e podendo ser escutados em seus medos e anseios, ele vai inscrevendo em sua mente seu verdadeiro valor. Isto lhe dá uma segurança de ser amado. É esta segurança fundamental para a auto-estima.
5. Quais são as dicas para ganhar ou manter a auto-estima? Como podemos gostar mais de nós mesmos?
É muito importante a pessoa procurar descobrir coisas que gosta de fazer: esportes, lazer, trabalho, amor e se empenhar em tais atividades. Não ficar se julgando apenas pelos resultados negativos e frustrantes que sempre ocorrerão mas considerar principalmente o que está indo bem. Lembrar sempre que toda atividade terão as duas facetas (frustrantes e gratificantes). Se o olhar for dirigido apenas para os resultados frustrantes, as chances de a pessoa se auto avaliar negativamente é muito grande; importante também a pessoa se aceitar como ela é, gostando de si com seus defeitos e qualidades. Precisamos de nos amar antes de cobrar o amor do outro.
6. Uma pessoa precisa ser bonita para ter auto-estima elevada? É comum vermos tantas pessoas que não possuem o “padrão de beleza” imposto pela sociedade feliz e de bem com a vida. Seria porque elas tem auto-estima elevada?
Uma elevada auto-estima é transformadora. Podemos nos tornar bonitos mesmo não tendo traços físicos idealizados por uma sociedade. A beleza está dentro da pessoa e é isto que ela vai refletir no mundo.
7. Como a baixa auto-estima se manifesta entre as crianças? Os pais podem ajudar os filhos a recuperarem ou até manter a auto-estima? Como?
Uma baixa auto-estima pode aparecer nas crianças de diversas formas: pelo isolamento, timidez, rebeldia, crianças medrosas, agressivas, dependentes dos pais, passivas, submissas, medo de uma avaliação negativa do outro, medo de dizer não, dificuldade de expressar sua opinião, medo de errar, perfeccionistas, dificuldade de aprendizagem, ansiosas, hostis. Todas estas são formas de comportamento que retratam que algo não está bom com a criança e esta é a forma inconsciente que ela encontra para pedir ajuda e atenção dos pais. É importante que os pais fiquem mais atentos aos comportamentos dos filhos, procurando escutar, reconhecer, elogiar e aceitar os sentimentos das crianças, mostrando-se interessado por ela. Dar ouvidos para o que a criança diz sentir faz com que elas se sintam mais amadas e valorizadas. De igual relevância deve permitir que a criança possa experimentar por si mesma as coisas, adequadas para sua idade, e ensiná-las que podem aprender com os erros. Uma coisa errada pode ajudar a criança a descobrir algo que não sabia antes e a lidar melhor com as frustrações decorrentes do erro.
Luzia Winandy. Direitos Reservados.