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A Chegada do bebê e a Vida de Casal

Por Luzia Winandy

A chegada de um bebê representa uma transformação total no casal no sentido de que passa a existir, a partir daí, um terceiro, formando assim um triângulo de amor. Todas as atenções e cuidados são agora dirigidos para este pequeno ser, indefeso e fruto da relação amorosa. Isto em alguns casais pode gerar alguns conflitos inconscientes, principalmente por esta quebra de atenção e cuidados um com o outro. Principalmente o pai pode se sentir, em alguns momentos, excluído dessa ligação tão intensa formada pela mãe e pelo bebê.

É importante que o casal possa estabelecer muito diálogo em relação aos seus sentimentos e se apropriar deles sem sentirem-se culpados. Sentimentos de ciúmes, quando não identificados podem aparecer de maneira encoberta por fugas principalmente paternas. Fugas essas que podem se transformar em saídas noturnas freqüentes com os amigos, esticar horário de trabalho, ficar hostil e agressivo.

Apesar da evolução dos tempos e da conquista cada vez maior da igualdade entre os sexos, é a mãe que desenvolve o que chamaremos aqui de “preocupação materna”, que é um estado de sensibilidade maior, que as capacita a se adaptar delicada e sensivelmente às necessidades iniciais do bebê (Winnicott 1993). Isto possibilita à mãe sentir as necessidades de seu pequenino e satisfazer seus anseios iniciais. Porém isto não significa que deixou de amar seu parceiro. Mas num primeiro momento a dedicação ao bebê “suga” a maior parte do tempo da mãe.

Quando a mãe fornece ao bebê essa adaptação “suficientemente boa” à sua necessidade, tudo transcorre com maior facilidade, e é menos perturbador nestes primeiros meses.

É muito importante a mãe introduzir o pai nesta relação. Permitir e dividir com ele seus anseios e cuidados com o bebê.

Pouco a pouco, à medida que os meses vão se passando, a mãe vai se recuperando desse estado tão sensível e ao mesmo tempo o bebê já não exige cuidados tão intensos. O bebê já consegue esperar um pouco mais, está mais tolerante a alguma demora em ser atendido, e o casal já pode novamente retomar seu lugar de receber e dar cuidados um para o outro, e também para o bebê.

Este triângulo amoroso está formado e o bebê agora já está ocupando um lugar de destaque no seio familiar. A readaptação do casal se forma ao longo destes meses e todos os planos agora envolvem os três.

Normalmente, após a vinda do bebê, a dedicação a ele se torna tão intensa a ponto dos pais perderem seu lugar de casal, podendo comprometer o casamento, ao longo do tempo.

Não serão mais como recém casados, mas sim um casal muito mais amadurecido, e que estão agora podendo compartilhar o amor com mais um, sem perder de vista a dupla marido e mulher. Ir a um cinema juntos, tomar um “drink” fora de casa, dialogar ou realizar algum programinha que envolva os dois é fundamental para manter a chama do amor. Isto permite ao casal ficar mais fortalecido e falar uma linguagem mais coerente com seu filho.

O filho terá de ser colocado em primeiro lugar em muitas decisões, até mesmo com sacrifício dos pais. Mas mesmo assim o casal não pode perder este lugar na relação conjugal.

É muito comum os pais esquecerem-se de si e passarem a dedicar todo o tempo disponível para seu filho. Isto é compreensível até pela correria do dia a dia, onde marido e mulher dividem o tempo tanto com o trabalho fora, como das tarefas caseiras. E quando chegam em casa encontram o filho que passou o dia todo, ou com babá, ou na escolinha, carente de cuidados da mãe e do pai. Não tem como não lhe dar atenção e cuidados. E isso é importante que seja feito, e quando vão dormir já se encontram exaustos e não sobra a mínima vontade de dedicarem-se.

Por isso é tão necessário que o casal reserve, como um compromisso mesmo agendado, um programinha a dois a cada semana ou quinzena, à medida que for possível e que o tempo permitir.

Não existe uma regra definida para essas adaptações; cada casal formará a sua. O importante é o casal não perder de vista que eles precisam também de cuidados e dedicação entre si mesmo em pequenas doses, porque é isto que manterá uma boa relação conjugal e permitirá uma vida familiar mais harmoniosa, e o filho saberá melhor o lugar que ele ocupa nesta família.

Luzia Winandy

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